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domingo, 25 de janeiro de 2009

Entrevista com Paulo Carneiro

B.N - Quando o senhor começou a negociar com os membros da atual diretoria do Esporte Clube Bahia?

Paulo Carneiro - Começou há sete, oito meses atrás. O Gilberto Bastos me procurou na minha empresa e depois jantou comigo na minha casa e em paralelo o Marcelinho também me procurou junto com seu pai. E ai eu pedi que esperassem a decisão política do Bahia e que se eles continuassem com a mesma disposição que conversaríamos. E foi o que aconteceu.


B.N – O que o senhor encontrou de bom e ruim no clube?

Paulo Carneiro - De ruim eu não falo. Eu não faço política no Bahia, não comento sobre as questões administrativas do passado. Posso dizer que o patrimônio do Bahia precisava de cuidados, de alguma modernização, e é o que estamos fazendo. Estamos implantando um plano diretor de obras até o final do ano para que o Bahia tenha estrutura de Primeira Divisão. Na verdade, (o clube) já tem essa estrutura, mas as instalações não estavam adequadas para receber jogadores de Primeira Divisão, mas já estamos resolvendo isso.

B.N – O senhor tinha uma rivalidade muito grande com o ex-presidente do Bahia Marcelo Guimarães na sua época como presidente do Vitória. Como está sendo trabalhar com o filho dele?

Paulo Carneiro - Nós sempre fomos amigos, independente da rivalidade. Fomos colegas na Assembléia e nunca deixamos que a rivalidade mexesse com nossa amizade e foi graças a essa amizade que ele me procurou e me convidou para trabalhar com seu filho.

B.N – O ponto alto dessa rivalidade ocorreu no imbróglio do Campeonato Baiano de 1999. O atual supervisor do Bahia, Roberto Passos, foi quem entrou com o processo para tirar a final do Barradão. Como está sendo trabalhar diretamente com ele, já que, na época, o senhor não escondia sua irritação?

Paulo Carneiro - Eu nunca tive problemas com Roberto Passos. Sou muito amigo de Ronaldo (goleiro campeão Brasileiro pelo Bahia, que também defendeu o Vitória), Roberto apenas foi instrumento de um processo do Campeonato Baiano de 1999, mas nada a ver com o lado pessoal dele, muito pelo contrário, é uma pessoa extremamente competente.

B.N – Falando agora um pouco sobre o Vitória, qual o maior legado que o senhor acha que deixou para o clube?

Paulo Carneiro - Quando eu entrei no Vitória o time tinha menos títulos baianos que o Ypiranga. Meu maior orgulho no Vitória é ter deixado o clube sem depender mais de mecenas. Um clube que depende de uma pessoa física, conselheiro, para se sustentar é um clube que vive sob permanente risco dos humores das pessoas. Se a pessoa estiver de bom humor continuará ajudando, se estiver de mau humor não ajudará. E uma instituição não pode depender de ninguém, não pode pertencer a ninguém, ela tem que ter vida própria. Eu acho que o meu grande processo no Vitória é que ele hoje tem auto-suficiência financeira, não depende mais de ninguém. As pessoas vão passar pelo Vitória, mas a estrutura vai estar lá permanente, definitiva.

B.N – A atual diretoria do Vitória fala o contrário. Dizem que pegaram o clube na Terceira Divisão, com os salários atrasados e sem credibilidade nenhuma no mercado.

Paulo Carneiro - Salários atrasados não! Isso é outra mentira que falaram por ai, os salários no futebol são sempre pagos com atraso, mas são pagos. Porque jogador de futebol não entra em campo e se os salários não estivessem pagos estariam todos livres, porque com três meses o jogador está livre, e eu não me lembro de ter perdido nenhum jogador assim. Eu tive salários atrasados assim: com médicos, que eram profissionais liberais que tinham outras atividades. Quando o Vitória não recebeu o dinheiro de Obina (atacante atualmente no Flamengo e revelado nas divisões de base do Vitória), o Vitória ficou sem recursos e sem caixa e, obviamente, houve atrasos. Mas eu fiquei 16 anos no Vitória e gostaria que fizessem uma pesquisa na Justiça do Trabalho de quantos atletas do Vitória na minha época entraram com recursos contra o clube e você vai ver que a quantidade é ínfima. Portanto, isso é mais uma mentira que contaram e muita gente acreditou.

B.N – Mas a atual diretoria do Vitória afirma que pegou o clube praticamente falido.

Paulo Carneiro - O que é falido? Uma empresa falida tem que fechar! É, é verdade, eu ouvi falar muito disso, palavras mentirosas, mas é verdade que eles falaram isso, mas é mentira! O que aconteceu foi uma decisão política que eles tomaram de não pagar nada da minha época, mas usaram as receitas da minha época, mas não quiseram pagar o passivo, entendeu? É muito cômodo usar a venda da sede de praia, que foi vendida por R$ 8 milhões, pra sustentar o clube na Série C toda. Usaram R$ 10 milhões na Terceira Divisão e R$ 8 foi eu que deixei. E isso são fatos, não é opinião. O dinheiro está lá e não era nem pra ser usado dessa forma e o conselho do Vitória se omitiu, não era pra ter permitido utilizar, porque o dinheiro era pra ter sido usado para completar o patrimônio do clube. Por isso que a sede foi vendida, usaram muito mal o dinheiro, apesar da causa ser nobre, já que o clube precisava subir. Agora, dizer que o Vitória estava quebrado com R$ 8 milhões de caixa? Nunca vi um clube quebrado com R$ 8 milhões de caixa. Você conhece algum?

B.N – Porque o senhor acha que eles disseram que o clube estava falido?

Paulo Carneiro - São uns espíritos de porco, que como eles têm no mundo todo. É que nem um mosquito, todo lugar tem espírito de porco. É gente que não sabe fazer, certo? Que encontrou tudo pronto e ainda acha de criticar quem fez. Isso faz parte do mundo e a gente tem que aprender a conviver com esse tipo de pessoa. B.N – E o processo indenizatório que o senhor move contra o Vitória?Paulo Carneiro - Não falo sobre o processo.

B.N – Voltando ao Bahia, o senhor causou polêmica ao afirmar que o volante Marcone estava parecendo uma “baiana de acarajé” de forma pejorativa. Não acha que esse tipo de cobrança pública é excessiva?


Paulo Carneiro - Já não está mais, hoje é um motivo de orgulho ver o jogador recuperado e acho que vai trazer muitos resultados para o Bahia. Jogador com muita condição, muita qualidade. Não acho que esse tipo de cobrança seja excessiva, cada um administra da forma que acha que tem que administrar. O resultado é que ele já está fininho e pronto!
B.N – Qual a função do empresário de jogadores Orlando da Hora na diretoria do Bahia, já que boa parte dos atletas contratados são clientes dele e ele está sempre no Fazendão acompanhando os treinamentos?
Paulo Carneiro - Ajudou a mim, ele é meu amigo. Trabalhou comigo muitos anos e me ajudou nesse trabalho de captação de jogadores no mercado. Como qualquer clube pode ter um empresário ligado ao clube que queira ajudar de forma desinteressada, não vejo nenhum problema com isso. O caso dele é diferente, por exemplo, do de Guga (empresário sócio da Antoniu’s) com o Vitória, que tem outros interesses. Orlando não tem interesse nenhum, aqui não saiu ainda um cheque pra Orlando, então a questão é diferente.

B.N – Quais foram os jogadores indicados por ele?Paulo Carneiro - Isso é uma questão interna nossa. Ele me ajudou na formação do plantel.

B.N – O Bahia contratou, até agora, 21 jogadores, sendo que os mais famosos como Nen, Patrício, Rogério Corrêa e Rubens Cardoso jogam na defesa. É coincidência ou algum critério?

Paulo Carneiro - Os jogadores da frente são mais caros quando são conhecidos, uma coisa natural e é muito mais difícil conseguir jogadores de ataque do que os de defesa, mas nós temos alguns conhecidos, como é o caso de Beto. O importante é que eles dêem resultado, porque muitas vezes jogadores desconhecidos produzem mais que os conhecidos.

B.N – Mas os jogadores de frente contratados são em sua maioria novos e com características de serem leves e rápidos. O Ramon não foi contratado por isso?

Paulo Carneiro - Ramon não é pesado, é leve, mas nunca foi um jogador rápido, mesmo com 20 anos sempre foi lento. É uma característica, hoje o futebol pede jogadores rápidos na frente, hoje tem muito contato, quanto mais leve o jogador, mais fácil de jogar. Não tem nada, isso é apenas um detalhe.

B.N – O que está achando do treinador Alexandre Gallo?

Paulo Carneiro - Estou gostando muito, é moderno, acompanha tudo, muito bom. Espero que o time esteja à altura do treinador, já que o técnico não faz milagre se os jogadores não ajudarem.

B.N – Na época do Vitória o senhor teve problemas com alguns membros da imprensa. Agora no Bahia e mais experiente acha que terá novamente essas querelas?

Paulo Carneiro - Eu prefiro não entrar nesse mérito. Eu trabalho para o Bahia e nós temos nossa assessoria de imprensa aí e vamos continuar fazendo nosso trabalho. No dia que eu achar que eu devo impor limite à falta de respeito, eu vou saber impor esses limites, entendeu? Eu acho que se deve brincar com o futebol, mas não se deve desrespeitar o futebol, principalmente quem vive dele. Fazer chacota do futebol pode parecer muito bom para os ouvidos de pessoas incautas, ignorantes. Para as pessoas esclarecidas, elas vão selecionando e acabam descobrindo que o futebol é uma atividade econômica séria e tem que ser tratada com seriedade. Se eu faço uma brincadeira, uma gozação, faz parte da vida, ainda mais para nós baianos, que somos alegres. Agora, tem que haver respeito. Se eu sentir que (o respeito) não está existindo, vou impor como sempre impus desde a época do Vitória. Agora vai ser do meu jeito. Cada um impõe do seu jeito. Espero que a gente possa fazer um futebol saudável. Trato as minhas coisas sempre com muita seriedade. Se alguém quiser brincar com as coisas que eu faço desde que não haja falta de respeito é um direito de cada um. Não vou entrar pessoalmente em nada disso aí. O esporte, eu costumo dizer, que é o lugar ideal para os incompetentes se locupletarem.

B.N – O senhor participou da formulação da cartilha implantada pelo treinador Alexandre Gallo para o trabalho da imprensa no dia a dia do clube?

Paulo Carneiro - Não, e eu acho que ele foi muito sábio. Se ele não fizesse, eu teria feito, mas ele se antecipou e eu apoiei. É preciso criar regras e normas, mas as pessoas aqui não gostam não, querem mandar no clube, pautar entrevista com o treinador, e aí eu acho que os papeis estão se invertendo, o carro está na frente dos bois e isso não é possível. Ninguém faltou com o respeito com a imprensa, muito pelo contrário. Fizemos uma rotina que ajuda a imprensa saber que tal dia tem entrevista com tais jogadores. Eu acho que isso tudo é tentar organizar a relação entre o clube e a imprensa. É assim no mundo todo, porque no Bahia tem que ser diferente? Eu acho que cansa falar com o treinador todo dia. Vão fazer o que, perguntar as mesmas coisas todos os dias? Tem que procurar inovar. É porque tem gente que acha que porque tem a imprensa na mão pode pautar e até mandar nas ações do clube. E isso não vai acontecer aqui, pelo menos enquanto eu tiver a confiança da diretoria para comandar o futebol e o marketing do Bahia. Nós vamos respeitar, temos uma assessoria de imprensa para divulgar as informações e isso será sempre pautado por nós. Mas não existe radicalismo, basta conversar com Gallo e com Jayme Brandão (assessor de imprensa) e tentar entrar em acordo pra facilitar pra todo mundo. O país inteiro faz assim.

B.N – Em uma de suas últimas colunas no Bahia Notícias, o comentarista Edson Almeida deu a entender que o senhor poderia trazer para o Bahia o projeto da arena que tinha para o Vitória. A informação procede?

Paulo Carneiro - Eu apenas acho que o Bahia tem que começar a pensar seriamente no seu estádio, embora Pituaçu esteja ai pronto para atender o clube, uma obra muito importante do governo do Estado. Mas o Bahia tem que começar a pensar em seu estádio, mas tem que aguardar também, tem muitas coisas acontecendo. A nova Fonte Nova ficará pronta pra Copa do Mundo vai ficar pra quem jogar depois? Na Copa serão quantos jogos, quatro? Então você gasta milhões e milhões em quatro jogos e depois, nada? Mas o Bahia precisa ter seu estádio e acho que Pituaçu é o caminho. Talvez não precise. Se a gente conseguir uma convivência harmônica com o Estado e ele for sensível com as reivindicações do Bahia, não precisaremos de outro estádio.

B.N – E o interesse público do Vitória no estádio de Pituaçu, o senhor acha que não passa de provocação?

Paulo Carneiro - Eu acho que isso só acirra os ânimos. Rivalidade esportiva é uma coisa ótima, mas acirramento de ânimo é outra e não é bom. Eu acho que o Vitória não tem que se meter no que não lhe diz respeito, nem o Bahia se meter nas coisas do Vitória. Cada um tem que cuidar de sua vida e a gente fazer um futebol respeitoso. Essas questões vão ser todas superadas e o Bahia vai jogar em Pituaçu pra 32 mil pessoas sem problema. Esse estádio já jogou pra 20 mil pessoas antes sem problema nenhum. Mas o assunto de Pituaçu está todo nas mãos do presidente e é ele quem está resolvendo tudo. Posso apenas lhe dizer que o problema com o estacionamento já foi todo resolvido.

B.N – O senhor já deu declarações afirmando que o Vitória passou a contratar jogadores mais caros após o anúncio dos novos reforços do Bahia. Realmente concorda com isso?

Paulo Carneiro - Não sei se é verdade, mas deu essa impressão. Mas tudo bem, isso é bom. É sinal que o campeonato terá a rivalidade aguçada. Espero que haja respeito entre as pessoas, porque estamos aqui para fazer um trabalho sério e profissional. Vamos ser muito provocados e espero que as pessoas do lado de lá tenham juízo para não cair nas provocações, vazias, de pessoas que ganham dinheiro a custa dessas provocações. Espero que nós todos estejamos vacinados.

B.N – Quando o novo plano de marketing do Bahia será apresentado à torcida?


Paulo Carneiro - O plano de marketing do Bahia foi apresentado em uma reunião de diretoria e acredito que aprovado. Estamos esperando a definição de Pituaçu para podermos anunciá-lo para todos, porque o estádio é o habitat de todas essas campanhas de marketing sejam desenvolvidas. Mas posso adiantar que é um plano grande, enorme, galgado, principalmente, na interatividade do clube com seu torcedor. Quanto mais você aumenta essa proximidade, mas fiel o torcedor fica.

B.N – O senhor tem algum plano de seguir carreira política no Bahia e no futuro se tornar presidente do clube?

Paulo Carneiro – Não, não tenho nenhuma intenção.

B.N – O senhor acha que seu trabalho no Bahia pode servir de ponte para buscar outros mercados no futebol brasileiro?

Paulo Carneiro – Não precisaria, né? Eu acho que meu trabalho no Vitória já daria ao meu currículo suficiente prestígio se eu quisesse avançar nesse mercado. E eu espero que esse trabalho meu leve muitos anos aqui no Bahia. Estou sendo muito bem tratado e estou fazendo tudo com absoluta seriedade, com transparência e, por enquanto, eu quero pensar só no Bahia, certo? Eu tenho uma empresa que presta serviço ao Bahia e espero que essa empresa tenha vida após minha saída do Bahia.

B.N – Na sua época à frente do Vitória, o nome Paulo Carneiro se confundia com o do clube. Como está sendo agora ser diretor do maior rival do seu ex-clube?

Paulo Carneiro - Rapaz, eles estão associando o Bahia a Paulo Carneiro e eu tenho visto isso claramente nas ruas pelo menos e fico muito feliz. Eu sou um escudeiro do presidente Marcelo Guimarães Filho e ele sabe que conta comigo independente da nossa relação de amizade. Ele sabe quem ele tem ao lado e que pode confiar e eu me sinto muito bem aqui. Estou fazendo as coisas com absoluta tranqüilidade sabendo que não adianta precipitar. Esse processo é um processo lento, mas gradual. O Bahia tem que avançar na sua infra-estrutura, certo? E dentro de campo tem que começar a se organizar de uma forma vencedora, eu acho que esse é o caminho. Montamos uma equipe muito em cima da hora, já que as eleições foram um pouco tardias, atrapalharam esse planejamento. Devemos ter cometido alguns erros, que vamos corrigir durante o campeonato, mas esperamos que o grupo seja suficiente para conquistarmos o Campeonato Baiano. Mas, com certeza, entraremos no Campeonato Brasileiro com a equipe ajustada pra tentar a volta a Primeira Divisão, que é o desejo de todos que gostam do Bahia.

Fonte: Éder Ferrari - BN Esportes

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